tem um motivo pelo qual o diagnóstico do seu analista é diferente do que o do seu psiquiatra - e isso não quer dizer que algum deles está errado ou não tem valor. 

Na Psicanálise, o diagnóstico também orienta o tratamento, mas não é uma atribuição fixa e categórica. Ele se constrói no encontro com o sujeito, a partir de elementos do seu discurso, respeitando a singularidade de cada caso. Diferente de outros campos, que buscam a categorização, a Psicanálise aposta na particularidade.

Desde o DSM-III, em 1980, o diagnóstico passou a seguir uma lógica mais empirista, focada na descrição dos sintomas, em um suposto ateoricismo. Isso reforça uma leitura biológica do transtorno, deixando de lado a escuta do sofrimento.

Quinet* alerta que transformar sintomas em transtornos isolados esvazia a investigação do funcionamento psíquico. O diagnóstico vira ferramenta de comunicação e perde sua função clínica.

A Psicanálise, por sua vez, busca justamente abrir espaço para o discurso do sujeito e combater o apagamento que vem da identificação do sujeito com a identidade patológica (diagnóstico), promovendo escuta e circulação do que há de singular.

*A Ciência Psiquiátrica nos discursos da contemporaneidade (1999)